A culpa e o adoecer

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Texto publicado no blog Temos que Falar Sobre Isso
Autora: Ellen Moraes Senra
“Não amei meu filho desde o começo!”
“Não consegui ter o parto que eu queria!”
“Não consegui amamentar meu filho!”
“Coloquei meu filho na creche!”
“Precisei voltar a trabalhar!”
“Não consigo controlar meu filho!’
O que essas afirmações tem em comum e por que estão aqui nesse espaço?
Isso deve ser o que estão se perguntando e estou aqui para lhes responder que tudo se resume a uma palavra, ou se preferirem, um sentimento: CULPA!
Me pergunto até quando iremos nos enclausurar nas paredes da culpa, paredes essas que por muitas vezes nos paralisam e nos fazem adoecer e quando digo adoecer, digo não só psicologicamente, mas em algumas situações até mesmo fisicamente. Sei que parece fácil falando e que posso parecer hipócrita ao questionar isso, mas fato é que eu mesma não aguento mais me preocupar com o que pode dar errado, pois esse é um dos efeitos da culpa, o antecipamento das coisas ruins que podem acontecer. Diante disso, costumo fazer uma reflexão interna sobre o porque de tanta culpa. Em que, eu lhes pergunto, isso pode fazer diferença?
Eu lhes digo que em nada de bom, a culpa é um sentimento negativo que serve apenas para que possamos nos martirizar sobre coisas que, muitas vezes, não podemos mudar. Vejam bem, uma coisa é eu me sentir culpada de ter tratado alguém mal e ter a oportunidade de fazer diferente, esse seria um sentimento construtivo e, uma vez que tivéssemos resolvido a questão, ele simplesmente poderia passar. Outra coisa completamente diferente é eu sentir culpa por coisas que não podem ser modificadas como por exemplo a mãe que precisa trabalhar, pois sem esse trabalho não teria como garantir o sustento da família, ou aquela que teve algum problema de ordem física ou psicológica que a tenha impedido de amamentar seu filho.
Podemos e devemos lamentar aquelas coisas, pequenas ou não, nas quais não tivemos sucesso, mas daí a vivermos rodeadas pelas sombras da culpa e carregarmos isso por toda uma vida existe uma longa distância e é aqui que se retrata o adoecimento que mencionei no início. A insistência em algo que não pode ser mudado vira doença na medida em que se transforma numa obsessão e é aí que começa o sofrimento e muitas vezes um isolamento. Por este motivo digo que precisamos falar muito sobre as nossas culpas, assumirmos de vez cada uma delas para que elas não nos consumam de tal maneira que nos afoguem num mar de maus pensamentos sobre nós mesmas e até mesmo numa depressão por nos sentirmos incompreendidas e sozinhas, estamos aqui pra isso, eu falo da minha culpa e você fala da sua. Somos mulheres, mães, esposas, filhas, amigas, mas antes de tudo isso somos HUMANAS e como tal vivemos num vai e vem de emoções e a culpa é só mais uma delas.
Eu aqui lhes digo que ao falar sobre isso tiramos de nós o peso e passamos a enxergar a culpa de uma maneira mais leve e, quem sabe assim possamos fazer com que ela não mais exista através do tempo?
E então? Vamos juntas nessa empreitada?
Sintam-se mais uma vez abraçadas e falem muito sobre isso!