Ameaça educa seu filho?

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As ameaças muitas vezes fazem parte da rotina com as crianças. Os educadores (seja ele pai, mãe, cuidador, etc) utilizam desse método como tentativa de diminuir ou cessar comportamentos que desaprovam dos pequenos.

Os tipos de ameaças são variados, como por exemplo:

“Se você não comer vou ter deixar com fome”;
“Vou falar com seu pai”
“Quando nós chegarmos em casa você vai ver”
“Se você fizer isso vai ficar sem videogame”

Te convido a fazermos uma reflexão sobre esse tema!



Diferença entre ameaça e ensinar consequências

Esses (entre outros movimentos) são utilizados para o mesmo fim, que foi citado a cima, diminuir ou cessar comportamentos que desaprovados.

Mas, porque uma é mais eficaz que a outra?

Um dos grandes segredos – e dificuldade – dos responsáveis em aplicar métodos educativos, é que muitas vezes os métodos são aplicados em momento de ira e a punição é através da sua raiva. A punição só pela punição não tem caráter educativo, ou seja, só aplicar a punição para diminuir sua raiva não traz aprendizado.

A ameaça entra na listagem desses métodos ineficazes. Porém uma das coisas que podemos destacar nesse tópico é que, quando você utiliza de ameaça, a criança percebe que o ameaçador perdeu o controle da situação, pois ela está ameaçando pois não sabe como proceder e prefere ameaçar para posteriormente “resolver” aquela situação. 
Assim que a criança percebe isso, ela consegue utilizar isso a favor dela sempre que desejar ter um comportamento que ela saiba que seu responsável não aprove.

 “As ameaças se tornam palavras vazias, frases que não valem para nada, somente para confusão psíquica”


Quando se ensina o método de consequência, você e seu pequeno passam a ter olhares diferentes para a aprendizagem, que muda para ensino de “causa e consequência”. Ou seja, tudo o que você faz vai ter uma consequência, seja ela boa ou ruim. Ensinado os efeitos das escolhas e responsabilidade.

A percepção do tempo

Quando se é ameaçado a percepção de tempo se distorce. Dependendo de como se utiliza a ameaça e da sensibilidade da criança em receber esse alerta, ela pode desenvolver ansiedade (e transtornos relacionados à ansiedade). E depois de um tempo não levará mais a sério o que você falar, em situação de ameaça ou não.

A ansiedade

Ao utilizar esse método, há uma grande chance de seu filho desenvolver algum grau de ansiedade. Como a percepção de tempo é bem diferenciada, inicialmente a ameaça poderá se tornar um eco nos pensamentos dos pequenos, fazendo-o pensar quando vai chegar o momento que aquilo vai se concretizar. A ansiedade que a ameaça faz é maior que a possibilidade da reflexão do comportamento errôneo, a criança pensa no que vai ser perdido e não porquê ela está perdendo tal coisa. O concretizar da ameaça pode se tornar um alivio de tensão, anulando a punição (o que os pais pensam estar fazendo).
Em algumas ocasiões a ansiedade das ameaças rotineiras colabora para a criança criar tiques, transtorno de ansiedade, dentre outros.



Rivalidade com os responsáveis

Quando os responsáveis usam a ameaça, podem estar nutrindo uma rivalidade. Depois de algumas ameaças, a criança consegue perceber que se ela passar a não se importar (ou fingir não se importar) com a questão a ser a ameaçada, quem está se propondo a ameaçar perde o seu aliado, a ameaça.
Então você ameaça a tirar brinquedo, passeio, jogo favorito, e a criança não se importa, você tem que se propor a tirar tudo. 
Aonde realmente chega esse método?
Acaba, nutrindo rivalidade, raiva e modo de manipulação. A criança perde a referência dela mesma, dos pais e da situação.

Para refletir

Há outros caminhos que podem te guiar na educação do seu filho. Cito brevemente um dos métodos em que o confio. O ideal é que o carinho e o amor não percam espaço para a raiva no momento que seu filho te desafia e/ou faça algo que você desaprove. Preste atenção em quantas ameaças você faz a seu filho e quais são as resoluções delas. Caso sinta muita dificuldade nesse processo, talvez você possa compartilhar esses momentos em um grupo de pais / mães ou procurar a ajuda de um profissional.