Por Ellen Moraes Senra
(texto publicado pelo autor no blog Rede Crescer)
Boa tarde!
Atualmente desenvolvo um trabalho com adolescentes e tenho refletido bastante sobre os rótulos que são colocados sobre eles, aqueles rótulos do tipo:
“Todos os adolescentes são chatos.”
ou
“Ele se comporta dessa maneira porque é adolescente.”
ou até mesmo
“É comum ele estar sempre revoltado, é a fase da adolescência.”
Entre tantos outros que ouvimos por aí.
Enquanto reflito tento recordar da minha própria adolescência e se esses rótulos já haviam sido dirigidos a mim em algum momento e a resposta é sim, sempre ouvia as pessoas me comparando a todos os outros seres do universo de mesma faixa de idade que eu tinha na época, mas junto com essas lembranças consigo recordar também de todos os sentimentos negativos que acompanhavam essas sentenças, toda a raiva por não levarem meus sentimentos a sério, toda revolta por ser comparada com pessoas que não tinham nada a ver com a minha vida, entre tantos outros sentimentos.
Diante disso que lhes contei, comecei a me perguntar se os adultos simplesmente esquecem que já foram adolescentes um dia e que já se sentiram assim, mas percebi muito recentemente que não é o caso, na verdade é tudo uma questão de perspectiva, tal como um livro que, por mais interessante que seja, tem seus momentos de tédio, assim é a vida, enquanto crianças abrimos nossos olhos puros e questionadores, porém compreensivos. Já na adolescência tudo fica meio nebuloso, percebemos nessa época que a vida tem inúmeras nuances além do mundo colorido que conhecíamos, conhecemos a mentira e as consequências da mesma, mas em contrapartida percebemos que ela faz parte das nossas vidas e nem sempre podemos fugir dela, além disso, somos obrigados a lidar com uma série de mudanças em nossas vidas, em nosso corpo, mas principalmente em nossa mente.
Aí então passamos dessa fase turbulenta, é chegada a nova fase, entendemos que as responsabilidades existem e que não há como fugir delas, assumimos as responsabilidades independente de onde elas venham, é a tão esperada, porém tão atribulada vida adulta, não contente, acabamos por, na maioria das vezes assumir também a responsabilidade por outras vidas, seja no trabalho, em um casamento, pelos nossos filhos e, muitas vezes, pelos nossos pais que não conseguem cuidar de si em decorrência da próxima fase que nos seguirá, a velhice.
Por isso lhes afirmo que sim, como eu disse há pouco, é tudo uma questão de perspectiva, mas ainda assim lhes proponho o desafio de sair da nossa zona de conforto e nos permitir transitar por outras épocas de nossas vidas vividas ou mesmo épocas que ainda não tenham chegado pra nós, pois dessa forma seremos capazes de sermos mais compreensivos com quaisquer pessoa, principalmente com nossos adolescentes, sendo empáticos e lembrando que um dia passamos por tudo que os mesmos estão passando no momento.
Reflitam!
Deixo- lhes meu abraço e um até logo.