Provavelmente você já se deparou com pais reclamando sobre como seus filhos adolescentes valorizam em demasia suas amizades, de como eles colocam os amigos acima de tudo, muitas vezes até mesmo acima dos laços familiares.
Sim, esses pais não estão sendo exagerados, talvez até mesmo você que lê esse texto nesse momento já tenha se deparado com essa questão em sua vida particular e possa ter se aborrecido ou continuar se aborrecendo com isso.
Por esse motivo, hoje venho falar um pouco mais sobre esses laços de amizade aos quais o adolescente se agarra com tanto vigor.
Nesse momento gostaria que fizesse um exercício de empatia e reflexão.
Volte no tempo. Amizades na Adolescência
Imagine-se com seus 15 ou 16 anos.
Tente se lembrar de como se sentia nessa época. Se for difícil demais, procure imaginar as seguintes coisas.
Você está na adolescência, o mundo não faz sentido algum para você, as pessoas são incoerentes, hora elas falam que você não tem responsabilidade alguma para tomar as próprias decisões, hora falam que já está crescido (a) demais para não ter responsabilidade.
Você está passando por mudanças, internas e externas, que definirão quem e como você será daqui pra frente. Amizades na Adolescência
Seus pais, esses você não sabe bem como lidar, pois se pegam constantemente em dilemas entre seus papeis na casa e na sua vida, oscilando entre as pessoas mais compreensivas que conhece e as pessoas que menos te entendem na vida.
Imagine as escolhas que já lhe cobram que faça e as incertezas que insistem em se apegar a você.
Imagine o peso de saber que caso faça as escolhas erradas poderá decepcionar aqueles a quem mais ama na vida e, o pior de tudo, saber que essas pessoas farão questão de te mostrar o quanto você as decepcionou independente de todo o esforço que você possa ter feito para que isso não ocorresse.
Amizades na Adolescência Conseguiu pelo menos por uma fração de segundo imaginar como se sente esse adolescente?
Independente de sua resposta, pois sei que se for um adulto convicto terá um “Consegui, mas…”
Que todos nós que estamos voltados para nossas próprias experiências insistimos em colocar no que deveria ser o final de cada frase, para nós sempre tem um “Mas…”, para eles essa continuação não faz sentido algum.
Nós vivemos experiências inúmeras que nos provaram que muito do que pensávamos na adolescência estava, no mínimo, equivocados.
Mas esquecemos quase que por completo que na época defendíamos nossos ideais com unhas e dentes, como se fosse nossa única opção na vida, o que era verdade já que a vida na adolescência apresenta apenas questões dissertativas. Amizades na Adolescência
Enquanto que nós possuímos múltiplas escolhas que sabemos ser possíveis de fazer, pra esses adolescentes a vida só apresenta uma resposta certa, o resto significa apenas repetir os feitos de alguém.
Eles não aprenderam ainda que nessa vida nada se inventa, tudo se copia e se adapta para nossa própria realidade e caberia a nós mostrarmos as inúmeras possibilidades, mas também permitir que eles aprendam assim como nós aprendemos que certas questões só se aprende com o tempo e que não há “achismo” que garanta o nosso sucesso.
Renato Russo certa vez cantava o seguinte trecho de uma música que gosto de ouvir até hoje:
“… você diz que seus pais não te entendem, mas você não entende seus pais, você culpa seus pais por tudo e isso é um absurdo, são crianças como você, o que você vai ser quando crescer.”
Enquanto escrevia esse texto coloquei a música para tocar e, automaticamente, pensei no quanto ele estava certo ao escrever essas palavras, mas logo em seguida parei para lembrar-me se era essa a mesma impressão que eu tinha quando ouvia essa mesma música anos atrás.
A resposta é obvia: Claro que não! Amizades na Adolescência
Lembrei-me claramente do quanto julgava parte da música absurda, pois os meus pais não me entendiam mesmo.
Eles cobravam coisas que eu não achava que eu tinha obrigação de fazer e recriminavam injustamente aqueles amigos que me acolhiam e compreendiam o que eu pensava ou sentia, isso sim era um absurdo e não o que a letra sugeria.
Nesse momento me questionei se ele escreveria essas mesmas palavras se estivesse em uma fase diferente da vida, questão para qual eu apenas posso especular uma resposta, pois acredito honestamente que não. Amizades na Adolescência
Dessa forma me pergunto se existe mesmo a necessidade de travarmos uma grande batalha com figuras que representam nada mais do que a liberdade de pensamento e de expressão que os adolescentes tanto almejam.
Pois isso é o que as amizades representam pra eles, mas um dia todos irão se tornar adultos e, tal como nós mesmos, se pegarão criticando pessoas que estarão fazendo nada mais do que eles mesmos fizeram em algum momento de suas vidas. .
Ter amigos é necessário em todas as etapas da vida, mas é na adolescência que geralmente esses laços assumem uma conotação diferente da que tínhamos na infância, pois imprimimos aos amigos dessa época a função de entendedores de nossas dores.
Principalmente porque em sua maioria estão passando pelas mesmas dores e amores que nós no momento. Amizades na Adolescência
Então para que tecer criticas a algo ou alguém que em certo momento pode até mesmo nem mais fazer parte da vida dos seus?
Amizades na Adolescência Com isso você entra numa queda de braço injusta, pois serão muitos braços contra os seus, o que não pode resultar em algo diferente a não ser um massacre emocional.
Não se preocupe com as amizades de seus adolescentes, mesmo que acredite que elas não sejam verdadeiras ou mesmo que não sejam boas influências, o tempo se encarrega de mostrar quem é de verdade e quem está só de passagem em nossas vidas para nos ensinar algo de extrema importância, já que ao chegar aonde chegamos hoje já percebemos que no fim de tudo, só podemos mesmo contar com a família, mesmo que alguns amigos do passado façam parte da mesma.
Trouxe hoje essa reflexão não para lhe impedir de dizer o que pensa, mas para lembrar que uma boa bússola indica o caminho correto, mas cabe ao manuseador da mesma escolher se é o caminho que ela indica que ele irá seguir naquele determinado momento. Amizades na Adolescência
Constantemente tenho me deparado com responsáveis indignados com o comportamento opositivo e/ou questionador de seus filhos crianças ou adolescentes.
Eles comentam, não necessariamente em forma de pergunta que, em sua época de infância/adolescência bastava que seus pais falassem apenas uma vez para que lhes fosse prestado à obediência e que com eles a coisa não funciona dessa maneira.
Dito isto eu lhes pergunto: O que mudou? Não é Não
Será que os pais de antigamente se valiam de algo especial ou mesmo enigmático para que lhes prestassem obediência?
Será que eles eram mais assertivos que os pais de hoje em dia? Não é Não
Será que não “fazem mais crianças/adolescentes como antigamente”?
Ou será mesmo que os valores se perderam com o passar do tempo?
Não é Não Ao pararmos para analisar o que mudou de uns anos pra cá veremos que o fator principal é o acesso à informação.
Pois se por um lado na época de minha própria infância/adolescência era absolutamente inadmissível levantar a voz para alguém mais velho, por outro lado não haviam leis que questionassem o julgamento de um adulto quanto a maneira com a qual ele deveria ou não punir os seus filhos, netos, irmãos menores.
Todavia, nos dias atuais nos deparamos com uma enxurrada de informações que nem sempre vêm acompanhadas de justificativas plausíveis. Não é Não
E justamente por esse motivo, os que chegam a receber tais informações podem fazer o que bem entenderem com as mesmas.
É com pesar que lhes digo que passou a ser comum ouvir o lamento de alguns responsáveis ao dizerem que ouviram de seus filhos que os mesmos “conhecem os seus direitos”.
Ou mesmo que irão comunicar às autoridades qualquer atitude dos pais que os mesmos julguem como equivalente a maus tratos.
Nesse momento você deve estar se perguntando o que esses pais fazem nesses casos ou até mesmo imaginando sua própria atitude diante de tamanha altivez.
Saindo do campo de espectadora, entro no papel de terapeuta e orientadora desses mesmos responsáveis.
Não é Não A grande questão, além do já mencionado acesso irrestrito à informação é a delimitação de papéis.
Pois o que nos difere, pais atuais, dos pais de antigamente é que não podíamos questionar o julgamento dos mesmos, sabíamos por pura imposição que o mais velho era detentor de todo o saber da casa, não sendo assim passível de ser questionado, ainda que por algum motivo nós achássemos estar dentro de nossa própria razão, o sim era sim, o não era não e ponto final.
Não existiam leis que não fossem impostas por quem sustentava a casa e na educação de um filho ninguém se metia, apenas os que de fato tinham que educar.
Seria então a resposta óbvia negligenciar ou mesmo ignorar a opinião da criança/adolescente ao invés de dar voz aos mesmos de forma que possam expressar suas emoções livremente?
Eu lhes digo que a solução seria o tão almejado meio termo.
Pois se de um lado poderíamos ensinar aos nossos pais sobre como ter mais paciência e permitir aos filhos a livre expressão de seus sentimentos e a possível exposição de argumentos.
Por outro lado deveríamos aprender mais com eles sobre como se fazer entender com um simples olhar.
Como ser respeitado pelo simples fato de sermos pais e responsáveis pelo bem estar de nossos filhos.
Como mostrar a eles através do nosso próprio exemplo o que é respeito e que se deve respeitar ao próximo como gostaríamos de ser respeitados independente da idade.
Pois precisamos lembrar que na função de pais não estamos apenas educando um filho, mas também formando um cidadão que precisará viver em sociedade sem a nossa proteção ou mesmo supervisão num futuro não tão distante.
O sim é sim e o não é não se é assim que um responsável diz, mas nada impede que entre uma explicação do porque as coisas precisam ser assim.
Essa semana correu pela mídia de todo Brasil a notícia de um adolescente de 13 anos que morreu enquanto executava um desafio proposto durante um jogo online.
O menino se enforcou diante dos amigos que assistiram a tudo pela webcam e pediram por ajuda assim que viram que o amigo não reagia.
A intenção do desafio não seria provocar a morte, mas sim uma sensação de desmaio provocada pela interrupção da circulação do oxigênio no organismo, mas infelizmente esse caso terminou em óbito. Privacidade e Adolescência
Diante do ocorrido, especialistas do mundo inteiro se manifestaram solicitando aos responsáveis uma atenção maior ao conteúdo que os seus filhos acompanham pela internet, alguns chegando até mesmo a afirmar que não existe um adolescente ter privacidade.
Privacidade e Adolescência Desta forma, hoje venho colocar esse assunto em discussão: é ou não é possível dar privacidade ao seu filho adolescente?
Antes de responder essa pergunta diretamente, se faz necessário discorrer sobre o histórico da relação familiar onde o diálogo é imprescindível, mesmo nas idades iniciais, pois explicar o porquê das coisas pode ser um grande diferencial no momento do ser humano decidir o que pode ou não representar um perigo para si.
Se pensarmos que uma pessoa, de qualquer idade possui um diálogo aberto com a sua família, supõe-se que a mesma seria capaz de mencionar determinados fatos aos quais poderia vir a ser elucidado quanto à existência ou não de perigo real. Privacidade e Adolescência
É claro que quando falamos de adolescentes, estamos falando de um público que encontra maior identificação entre os amigos na grande maioria das vezes.
Mas é importante ressaltar que geralmente eles afirmam que isso ocorre por não se sentirem compreendidos pelos familiares.
Portanto, pela lógica, uma vez que se sentem acolhidos e compreendidos eles tendem a se abrir.
Seria então um caso de negligência o que levou o menino a óbito ou mesmo que leva a circunstâncias quase tão trágicas quanto?
Impossível afirmar, mas fato é que os especialistas que pediram a atenção dos pais tem um ponto de vista muito válido a ser considerado.
Privacidade e Adolescência Se deixarmos que essa fase tão conturbada que é a adolescência deixe correr solta até que deixe de ser um “problema” para a família, sem dúvidas muitos problemas graves podem surgir e aí será tarde demais para pensar no que poderia ter sido feito.
Todavia, é justamente aí que nos deparamos com o tal impasse, dar ou não a privacidade solicitada?
Há pouco tempo fiz uma pesquisa para um livro digital que escrevia e a unanimidade das respostas entre os adolescentes se deu justamente em afirmarem que gostariam de ver sua privacidade preservada.
E o outro aspecto é a questão da permissividade que lhes é negada, trago-lhes um trecho do material que serve para ambos os casos:
“Veja bem, o objetivo aqui não é promover uma liberdade total como eu sei que eles gostariam de ter, mas sim de, aos poucos, irmos dando as devidas permissões considerando a idade do adolescente.”
Trecho do livro digital Adolescer sem Vacilo: compreendendo o universo Adolescente
Privacidade e Adolescência O que ocorre é que, enquanto seres humanos em qualquer idade, temos por instinto natural a necessidade de ver nosso espaço respeitado e preservado.
Portanto não seria diferente em uma fase de tamanha indefinição tal qual é a adolescência.
Por sorte, podemos sempre tentar chegar a um acordo, aquele tão conhecido, porém pouco praticado, meio termo e, mais uma vez a chave da questão é o diálogo.
Uma vez que haja uma explicação do porque da necessidade do monitoramento, seja do histórico do computador ou mesmo da agenda pessoal do telefone de seu filho.
Mesmo que talvez ele (a) não compreenda e possa até mesmo ser avesso à ideia.
Você estará fazendo seu papel de responsável sem entrar nas questões intimas do mesmo.
Ou seja, respeitar a intimidade é diferente de negligenciar os perigos aos quais o adolescente, ou mesmo a criança, possa estar exposto.
Da mesma forma que é possível sim estar atento às atividades do mesmo sem invadir completamente seu espaço pessoal.
Espero ter sido clara sobre o assunto e estarei aqui para falar o quanto mais for necessário.
Grande abraço e até a próxima.
Ellen
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Desvendando a Adolescência: Você Esqueceu Que já Foi Adolescente ?
(publicação original pelo site www.opsicologoonline.com.br)
a adolescência
Olá! a adolescência
É com muito prazer que hoje inicio esta coluna que objetiva falar sobre diversos assuntos voltados para um público com o qual eu amo trabalhar, os adolescentes.
Seja para eles ou por eles, o essencial é esclarecer questões que possam facilitar a passagem por essa etapa da vida onde muitas vezes, nos vemos completamente perdidos.
Ou traçamos nossos objetivos, mas os mesmos não são levados a sério por julgarem não haver maturidade suficiente para bancar as próprias escolhas.
Escrever sobre ou para adolescentes é algo que me encanta apesar do desafio que representa.
Pois me deparo diariamente com o tamanho do preconceito que circunda esse público, ou essa fase se assim preferir. a adolescência
Da mesma forma, observo a infinidade de dúvidas com a qual estes ou seus cuidadores se veem obrigados a conviver, já que muitas vezes não encontram quem possa sanar as mesmas.
Nesse momento provavelmente surge a pergunta: A adolescência
Os cuidadores não foram adolescentes um dia? a adolescência
Sem dúvidas que sim, todavia, por alguma razão desconhecida, os mesmos tendem a trancafiar a própria memória dessa época de forma que não sabem como lidar com aqueles que se encontram nessa fase no momento.
Se por um lado as pessoas veem a adolescência como um período conturbado e de difícil compreensão, por outro os adolescentes se veem muitas vezes perdidos, incompreendidos e até mesmo sem a esperança de encontrar quem tenha a real intenção de entendê-los ao invés de julgá-los conforme na grande maioria das vezes ocorre.
Como diz esse trecho da música do grupo Nenhum de Nós!
Adolescência vazia, eu tinha quase 16. Ninguém me compreendia e eu não compreendia ninguém.
Pensando nisso, os convido a refletir junto comigo sobre esse período através da lembrança do adolescente que um dia foi, observando o adolescente que tem por perto ou apenas fazendo uma auto-análise caso ainda se encontre nessa etapa do desenvolvimento.
a adolescência Feito isso, se pergunte se não é possível sair do senso comum e ampliar sua vontade de ao menos fazer uma tentativa de ver as coisas com os olhos de quem já passou por essa experiência um período na vida.
Com o decorrer da vida aprendemos que nem sempre as coisas são como parecem ser e na adolescência não é diferente.
São muitos sentimentos e intenções mascaradas por atitudes que demonstram altivez e arrogância, mas que em sua maioria significam justamente o oposto.
Sabe aquela agressividade “gratuita”?
Pode ser o cansaço de tentar ser levado a sério em vão.
Sabe aquela autossuficiência exagerada?
Pode ser apenas o medo de deixar transparecer uma insegurança velada.
Esse tempo de vida que contempla, segundo a legislação vigente, o período de 12 até 18 anos completos é recheado de alterações hormonais, físicas e até mesmo cognitivas que contribuem muito para a crença da maioria de que TODO adolescente é difícil.
Porém tantas alterações por si só já são fatores que poderiam auxiliar uma melhor compreensão dessas pessoas, afinal se respeitamos tantas outras alterações conhecidas como a TPM (Tensão Pré Menstrual).
Ou as alterações vigentes numa gestação ou até mesmo durante o envelhecimento, por que é tão difícil para a grande maioria compreender ou ao menos respeitar as alterações que sofrem um adolescente?
Assim como essas questões que eu citei, existem várias outras que abordaremos por aqui com o tempo.
a adolescência Mas insisto em lembrar que estamos lidando com um ser humano que, ao contrario do que muitos de nós, ainda não faz a menor ideia de seu lugar no universo, mas ainda assim são cobrados para descobrir.
Ainda que, onde se diz respeito às permissões e ao desenvolvimento de autonomia, sejam tratados como as crianças que foram um dia.
Venha comigo desvendar a adolescência na tentativa de descobrir formas mais funcionais e assertivas de se conviver com ela.
Até o próximo texto.
Ellen Moares
________________________________________________ PARA SABER MAIS SOBRE TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH)
Ellen de O. Moraes Senra
O presente texto tem por objetivo apresentar esclarecimentos sobre o TDAH, destacando suas principais características, diretrizes diagnósticas simplificadas e formas de tratamento.
TDAH trata- se de um transtorno neurobiológico com chances consideráveis de ser hereditário, o mesmo tem seu início manifestado na infância, antes dos sete anos de idade, e persiste até a vida adulta ocasionando interferências na vida do indivíduo a nível social, acadêmico e ocupacional. O transtorno causa ainda alterações que se subdividem em três grupos que serão discriminados a seguir: desatenção, hiperatividade e impulsividade.
A desatenção pode se manifestar de diferentes formas, como por exemplo, em situações escolares evitando que a criança mantenha a concentração por muito tempo e fazendo com que os indivíduos em geral não se atentem a detalhes. Os trabalhos realizados por pessoas com o transtorno costumam ser confusos e frequentemente eles dão a impressão de estar com a mente em outro lugar, além de haver a possibilidade de mudarem de tarefa sem antes concluir a anterior.
A hiperatividade se entende por um aumento da atividade motora que se manifesta por uma inquietude fazendo com que a pessoa esteja sempre em movimento, como por exemplo, mexer- se constantemente na cadeira, dificuldade em ficar em silêncio e se interessar por atividades em que tenha que ficar quieto por muito tempo. No caso de adolescentes e adultos a hiperatividade assume a forma de sentimentos de inquietação e no fato de assumirem intermináveis tarefas pelo fato de não conseguirem diminuir o nível de atividade, no entanto, tais tarefas raramente são concluídas.
Entende- se por impulsividade a falta de controle dos impulsos, ou seja, o indivíduo age primeiro para posteriormente pensar ou nem mesmo chegar a pensar. Neste sentido, podemos entender por impulso uma rápida resposta a determinado estímulo, como por exemplo, revidar caso alguém o agrida, tal característica mostra- se muito comum durante a infância onde o indivíduo ainda não entende limites. No TDAH, a impulsividade se manifesta principalmente pela impaciência ou dificuldade de esperar, além de comer ou comprar por impulso. Tanto adultos quanto crianças impulsivas costumam ter reações explosivas súbitas, dizendo logo o que vem a cabeça, reação esta que passa rapidamente e o indivíduo age como se nada tivesse acontecido.
Após a leitura dos sintomas citados, é comum que fique a curiosidade sobre como é feito o diagnóstico do transtorno, todavia não existem exames ou testes psicológicos que permitam fazer o diagnóstico exato do transtorno, mesmo que existam listas ou escalas de verificação de sintomas que ajudam no processo diagnóstico. Atualmente utiliza- se a proposta da Associação Americana de Psiquiatria através da publicação do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, onde para se diagnosticar o transtorno o indivíduo deve apresentar no mínimo 6(seis) de uma lista de 9(nove) sintomas de desatenção e/ou um mínimo de 6(seis) de uma lista de 9(nove) sintomas de hiperatividade e impulsividade, os quais seguem abaixo:
Desatenção
1. Deixa de prestar atenção a detalhes e comete erros por descuido em diversas atividades
2. Tem dificuldade para manter atenção em tarefas ou jogos
3. Parece não escutar quando lhe dirigem a palavra
4. Não segue instruções e não termina tarefas
5. Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades
6. Evita, antipatiza ou reluta em envolver- se em tarefas que exijam esforço mental constante
7. Perde coisas necessárias para tarefas e atividades
8. Distrai- se por estímulos alheios a tarefas
9. Apresenta esquecimento nas tarefas diárias
Hiperatividade
1. Agita mãos ou pés ou se mexem na cadeira
2. Abandona sua cadeira em situações que deveria permanecer sentado
3. Corre ou sobre demais de forma não apropriada. Em adolescentes e adultos pode se limitar a sensação subjetiva de inquietação
4. Age como se estivesse “a todo vapor”
5. Fala demais
Impulsividade
1. Dá respostas precipitadas antes de ouvir a pergunta inteira
2. Tem dificuldade para esperar sua vez
3. Interrompe ou se intromete em assuntos de outros
De acordo com os critérios apresentados, existem os:
· Predominantemente desatento (mínimo de 6 sintomas do grupo de desatenção)
· Predominantemente hiperativo- impulsivo (mínimo de 6 sintomas do grupo de hiperatividade- impulsividade)
· Combinada (mínimo de 6 sintomas de cada grupo)
O tratamento do TDAH deve, ou deveria, incluir 3(três) componentes básicos, sendo estes, informação e conhecimento, medicação e recursos psicoterápicos, sendo o primeiro passo dar ao indivíduo conhecimentos específicos sobre o transtorno.
É importante lembrar que alguns transtornos se parecem e podem até mesmo ser confundidos com o TDAH, como por exemplo o autismo, a depressão, o transtorno bipolar, quadros de ansiedade, etc. Por isso torna- se essencial o acompanhamento profissional.
Para saber mais sobre como um psicólogo pode ajudar, entre em contato com o Fale Conosco.
Referências Bibliográficas
1. Cartilha de Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade- Associação Brasileira do Déficit de Atenção
2. Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10: Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas – Coord. Organização Mundial de Saúde; tradução Dorgival Caetano – Porto Alegre: Artmed 1993 (Reimpressão 2011)
3. DSM- IV-TR – Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Tradução Claudia Dornelles; – 4.ed.rev. – Porto Alegre: Artmed 2002 (Reimpressão 2008)
Os textos abaixo foram publicados no blog “Temos que Falar Sobre Isso”, um espaço dedicado a auxiliar mulheres que passam por problemas no período gestacional ou pós gestacional e do qual sou colaboradora e conselheira.
A maioria dos texto tem não só a minha visão profissional, como também a pessoal enquanto mulher e mãe, já que o objetivo é acolhimento através da identificação e proximidade.
Sintam- se a vontade!
O feminino e o poder de fazer as próprias escolhas
Por Ellen Moraes Senra
Vivemos em pleno século XXI, mas parece que ainda estamos nos primórdios. Essa é a realidade dos fatos: somos mulheres, trabalhamos na área que queremos, votamos, concorremos com homens diariamente em diferentes áreas, mas não deixamos para trás nossas antigas atribuições tais quais cuidar do lar, do marido e dos filhos. Verdade seja dita que, no campo da hipótese tudo parece cor de rosa (aliás, quem foi mesmo que atribuiu o rosa à mulher???), mas na prática a coisa não é bem assim, somos vistas como iguais até o momento em que decidimos entrar no mundo da maternidade, pois uma vez que engravidamos temos direitos a “regalias” que os empregadores e os outros mortais não aceitam bem em nos dar, como por exemplo, lugar preferencial, direito a se ausentar do trabalho para realizar exames, licença maternidade, entre outros que nem sempre são respeitados.
Dito isto, venho me perguntando: qual a necessidade de cada vez um número maior de mulheres precisarem se manifestar através da criação de grupos e movimentos pró empoderamento feminino? A resposta é simples: ainda hoje não somos respeitadas como donas de nossos corpos, opiniões e decisões, mas ao contrário do que se pensa não é somente dos homens e profissionais de saúde que partem esse preconceito, ele existe também entre as próprias mulheres e é esse o motivo da minha escrita de hoje.
Como podemos defender o empoderamento feminino se uma não respeita a opinião e as decisões da outra?
Como podemos nos unir em grupos e ações pró liberdade de escolha se nem mesmo nós conseguimos respeitar a escolha da outra?
Como podemos acolher se, antes de tentar entender a outra, nos ocupamos em julgá- la?
Como, eu lhes pergunto, poderemos ser respeitadas sem antes aprendermos a respeitar?
O Temos que falar sobre isso abriu espaço para milhares de mulheres que se mantiveram caladas por um longo período de tempo pudessem finalmente contar a sua história e se sentirem acolhidas, mas será que todas que o fazem são respeitadas sem antes serem julgadas? Infelizmente não. Como humanos tendemos todo o tempo a emitir nossa opinião, até aí tudo perfeitamente bem, mas o problema começa quando ao vermos opiniões contrárias às nossas passamos a nos sentir ofendidas e, muitas vezes, acabamos ofendendo.
Hoje peço compreensão, somos mulheres que lutaram e lutam pelo seu espaço na sociedade e, principalmente, para que nossas decisões sejam levadas em conta, respeitadas e aceitas, mas lhes garanto que a frase “a união faz a força” tem real sentido e venho pedir a ajuda de vocês para que o nosso movimento continue a crescer. Escute, leia, absorva mais e julgue menos, desta forma mais mulheres se sentirão acolhidas e aos poucos vão criando coragem para contar a sua história.
Precisamos nos livrar das amarras sociais
Por Ellen Moraes Senra
Nesses últimos dias passei por uma experiência que me fez pensar muito sobre meus próprios conceitos. No último sábado tive uma consulta com o pediatra do meu filho, onde por motivos muito válidos, que não vou colocar nesse texto, o mesmo me orientou a complementar a amamentação materna com a fórmula infantil. Meu pequeno está com 5 meses e vinha sendo amamentado exclusivamente no peito desde que nasceu, por isso não imaginava que haveria a necessidade de iniciar esse complemento agora, então fiquei arrasada e saí do consultório chorando muito, até que meu esposo, enquanto me consolava, me perguntou o porque de ter ficado assim se sempre conversamos sobre o assunto e eu já havia dito que o que mais importava era o bem estar do meu filho. Naquele momento minha lucidez voltou e eu comecei a me perguntar qual o real motivo de tudo aquilo, foi então que me peguei presa em uma armadilha que jamais julguei que seria possível, o senso comum.
Desde que engravidei minha vida mudou de foco e passei a ler tudo sobre o mundo da maternidade e até comecei a escrever um blog sobre o assunto, verdade seja dita que na maioria dos blogs da categoria encontramos mães ideais que viveram a gravidez plenamente, amamentaram até quando seus filhos quiseram e enfrentam as dificuldades com as mãos nas costas, e isso faz com que passemos a acreditar que conosco também será assim. Sinto muito, mas sou de carne e osso, assim como todas as mães e chegou o momento de aceitarmos isso, caso contrário enlouqueceremos cada vez que não conseguirmos corresponder a determinadas expectativas, veja o meu exemplo que quase me afoguei em lágrimas porque acreditei momentaneamente que a verdade dos outros era também a minha.
Vejam bem, não estou aqui a criticar as mulheres que dizem não à fórmula infantil e continuam com a amamentação exclusiva no peito, estou aqui para elucidar aquelas mulheres que, por um motivo qualquer, não o conseguem. Não somos menos mães ou mães ruins porque nosso leite sozinho não deu conta do recado, assim o seríamos se deixássemos nossos filhos com fome para suprir uma necessidade exclusiva do nosso ego.
Desta forma, deixo aqui a mensagem que precisamos nos livrar das amarras sociais, dando real valor para as coisas que, de fato, o merecem, pois na maternidade não existe fórmula, o que nos mostra que não existe apenas uma maneira certa de realizar as coisas. Dar ou não dar mamadeira, o bebê dormir ou não no quarto da mãe, dar ou não dar papinhas industrializadas, dar ou não dar chupeta, entre outros tantos questionamentos. O que deveríamos perceber é que o que importa de fato é darmos o nosso melhor e não colocarmos em risco a saúde de nossos queridos filhos, de resto, coloquemos um filtro em nossa consciência e passemos a receber apenas o que irá nos acrescentar como mãe e como ser humano.
Relação Conjugal Após Nascimento do Filho
Por Ellen Moraes Senra
Vivemos num mundo onde diariamente tentam nos ditar o que é certo ou errado, seja na televisão, nos livros ou mesmo nas redes socais. Sempre que o assunto é maternidade nos deparamos com a imagem de pais sorridentes e uma (ou mais) criança(s) mais sorridente ainda e sempre limpinha, mesmo que saibamos que na prática as coisas não são bem assim.
Por esse motivo hoje eu resolvi falar sobre um assunto que ainda é tabu, como fica a relação do casal após o nascimento do filho.
A chegada de um filho, seja planejada ou não, marca uma série de mudanças na vida do casal, principalmente no início, logo após o nascimento do bebê. Se antes a vida girava em torno de duas pessoas, marido e mulher, agora tudo passa a girar em torno de apenas uma, o bebê. Para a nova mamãe esse é um processo natural, ela vai direcionar suas atenções para aquele pequeno ser indefeso e o marido acaba ficando para segundo plano, mas o que ocorre é que muitos maridos não compreendem essa necessidade inicial e, por vezes, a mulher se entrega demasiadamente à função de mãe e esquece de todo resto por tempo superior ao necessário, é aí que o relacionamento costuma entrar em crise. Existem estudos que mostram que muitos casamentos podem até chegar ao fim com a chegada do bebê, algo que quando estamos planejando aumentar a família nem se quer passa pela nossa cabeça, eu mesma estou num momento confuso me dividindo entre filho, casa, trabalho e marido, o que faz com que algo acabe comprometido.
Foi aí que me veio a ideia desse texto, pois o assunto não é facilmente abordado entre amigas e ninguém quer admitir ter problemas conjugais, ou se admite acaba tentando se convencer de que é algo passageiro, mas mesmo que seja um problema não desaparece magicamente, ele tem um porque de surgir e precisará de um porque para ter um fim. Por experiência pessoal e profissional eu lhes digo: diálogo!
Essa é a chave para resolver todos os problemas, converse sobre isso com a gente, mas converse principalmente com seu companheiro(a), você vai ver que só de admitir o problema e colocar pra fora metade do mesmo já estará no caminho para ser resolvido.
Fim da licença maternidade: medos e conflitos
Por Ellen Moraes Senra
Hoje o assunto mexe especialmente comigo e pretendo abordá-lo com todo o carinho ao mesmo tempo em que faço um desabafo.
Um belo dia nós, mulheres, acordamos e decidimos que queremos ser mães, a partir daí começamos a buscar informações sobre concepção e gestação e, após engravidar de fato, buscamos informações sobre como cuidar adequadamente de um bebê. Pois bem, deixo aqui uma pergunta:
Quantas de vocês, que são mamães, buscaram informações sobre o período pós licença maternidade?
Eu posso afirmar para vocês que eu não procurei ler nada a respeito e hoje sinto na pele toda a ambivalência que esse momento provoca. No meu caso, precisei retornar ao trabalho, pois as condições financeiras aqui de casa não são das melhores e seria demasiado difícil manter o padrão de vida se eu fizesse diferente. Não pensem vocês que a decisão foi fácil, pois não foi, na verdade sempre pretendi voltar a trabalhar e até meu filho nascer eu jamais havia cogitado ficar em casa, pois sempre vivi de maneira independente e sempre gostei disso, mas confesso que ao ver aquele pequeno ser tão dependente e necessitado de amor eu pensei que poderia ser diferente e que eu pudesse ficar mais tempo em casa, porém não foi possível.
Diante da minha situação comecei a pensar em todas as mães guerreiras, aquelas que ficam em casa com o bebê, que se dedicam aos seus filhos exclusivamente e do quanto elas tiveram que abrir mão, mas pensei também naquelas que, como eu, precisaram tomar a difícil decisão de sair de casa e ir em busca de seu sustento e, consequentemente, ficar um longo tempo longe de seus filhos.
Dor e medo são companheiros constantes na vida dessas mulheres, a dor de deixar seus filhos nas mãos de terceiros, pois sabemos bem que toda mãe sente que é a melhor pessoa para cuidar de seu filho, o medo de que algo lhes aconteça em sua ausência, mas existe um sentimento que é o mais difícil de lidar, o sentimento de estar abandonando um filho, pois é assim que nos sentimos. Sabemos que estamos fazendo o nosso melhor e que iremos compensar essa ausência em amor, mas ainda assim nos sentimos culpadas e negligentes. Por este motivo, hoje venho escrever para você que está vivendo ou precisará viver esse momento em breve, você que já sente a culpa invadindo seu organismo de maneira a te sufocar, você que já chora pensando no futuro próximo ou que chora no caminho para o trabalho, você que aguenta todo tipo de comentários impróprios de determinadas pessoas, comentários que só fazem com que se sinta ainda mais culpada. Você não está sozinha e esse é só mais um assunto sobre o qual você precisa falar. Estamos longe de sermos a prova de balas justamente porque somos feitas de carne e osso, então como poderíamos querer fazer e ter tudo? É simplesmente impossível, então nossas vidas são cercadas de escolhas que precisamos fazer constantemente e voltar a trabalhar fora de casa é mais uma delas, mesmo que seja muito difícil pois envolve o bem estar dos nossos preciosos. Dessa recente experiência pude constatar que somos nós quem abraçamos o sofrimento, pois geralmente nossos filhos estão sendo bem assistidos, mas nossa autocritica e nossa culpa nos faz enxergar o pior lado daquilo que, muitas vezes foge ao nosso alcance. Então as convido a tentarem algo junto comigo: Libertarmos da culpa e procurar maneiras de aproveitar ao máximo o tempo que tivermos com nosso tão amados filhos, vocês topam?
Ambivalência e Acolhimento
Por Ellen Moraes Senra
A gestação está na reta final e o parto se aproxima, pelo que lemos em todos os meios de comunicação o sentimento que deve prevalecer é o amor pelo ser que está para chegar, mas nós, mães de carne e osso, sabemos que não é bem por aí. A maioria dos blogs de maternidade e outros meios nos diz que a maternidade é algo sublime repleto de sentimentos positivos durante todo o tempo, mas venho lhes contar que não é bem assim.
Levante a mão a mamãe que não experimentou a ansiedade pela chegada do bebê, a alegria por saber que seu tão esperado sonho está para se concretizar, medo por não saber se tudo dará certo na hora do parto, alívio por estar chegando ao fim todo o desconforto que sentiu durante a gestação, luto pela nova vida que deverá seguir, pelas noites em claro que antes se davam em bares e festas e daí por diante se darão em amamentar, colocar pra arrotar e ninar o bebê!
É gente, são muitos os sentimentos e os motivos pelos quais eles aparecem e creio que precisamos falar abertamente sobre isso. Lembro-me que eu mesma, lá pelos 8 meses de gestação, rezava para chegar logo a hora do meu filho nascer, mesmo sabendo que não era a hora certa ainda, mas já não aguentava mais as noites sem dormir, as dores nas costas, as frequentes idas ao banheiro na madrugada e todos aqueles desconfortos que a maioria das gestantes experimentam nesse período, mas aí no momento seguinte eu rezava para que eu conseguisse levar a gestação até o final com sucesso para que meu bebê não precisasse ir para a UTI neonatal. Tentem entender que a mensagem que hoje eu quero trazer é que essa ambivalência é comum no nosso cotidiano, fará então em meio ao turbilhão emocional que rege o período do final da gestação.
Então queridas, não importa o que sintam ou porque sintam assim, o importante é encontrar um lugar onde se sintam acolhidas para assim seguir em frente sem se sentirem culpadas, pois a vida possui mais que dois tons, mas aparentemente poucos se importam em mostrar as nuances dos demais.
Ansiedade Perinatal
Por Ellen Moraes Senra
Antes de qualquer coisa, se faz necessário esclarecer que o período perinatal contempla o espaço de tempo entre 22 semanas completas de gestação (onde o bebê já possui peso aproximado de 500 gramas) até os 7 dias de nascimento do bebê. Dito isto, sabe- se que a ansiedade é algo característico do ser humano em situações que envolvam momentos decisivos, tal qual é o momento gestacional, onde a incerteza do futuro e os medos em relação ao nascimento e a saúde do bebê prevalecem. Todavia, em alguns casos mais extremos a ansiedade chega a um nível que foge ao controle e pode prejudicar a saúde da gestante e do feto, uma vez que este possui tamanha sensibilidade às emoções e responde ao estado físico da mãe.
Alguns dos sinais mais comuns de transtornos ansiosos, segundo a Classificação de Transtornos Mentais e de comportamento da CID – 10, são nervosismo constante, pensamentos obsessivos em relação a desastres, tremores, tensão muscular, sudorese, palpitações e tontura, entre outros menos comuns. Tais sintomas ansiosos, se não controlados, podem ocasionar parto prematuro, além de não permitirem que a gestante viva essa fase em plenitude. Após o nascimento do bebê, os sintomas podem ocasionar maior dificuldade na amamentação e se tornar fator de predisposição para o desenvolvimento de depressão pós-parto. Porém a pergunta que deve permear a mente da maioria é o porquê desses sintomas se manifestarem num momento que deveria ser de total alegria e satisfação. É importante lembrar que cada caso é um caso, mas é frequente que mulheres que sofreram perda gestacional anterior ou que ficaram por um período superior a um ano na tentativa para engravidar sofram mais com os sintomas acima citados, já que a insegurança e o medo de não conseguirem levar a gestação até o final se faz presente diariamente. Outro motivo que contribui para o aparecimento do sofrimento pela ansiedade são os tabus que são criados em torno da gestação e da maternidade, pois muitas mulheres vivem a comparar as suas próprias realidades com as de outras mulheres, mas nós sabemos que numa mesma mulher cada gestação pode ser diferente da outra. Então deixo aqui o convite a você, que se identificou com os exemplos citados, que procure alguém com quem conversar, seja uma amiga, familiar, grupo de apoio ou profissional, afinal, é sempre bom falar sobre o problema que nos aflige.